quinta-feira, 25 de junho de 2009




"Meu Deus, não sou muito forte,

não tenho muito além de uma certa fé —
não sei se em mim, se numa coisa que chamaria de
justiça-cósmica ou a-coerência-final-de-todas-as-coisas.

Preciso agora da tua mão sobre a minha cabeça.

Que eu não perca a capacidade de amar, de ver, de sentir.

Que eu continue alerta.

Que, se necessário, eu possa

ter novamente o impulso do vôo no momento exato.

Que eu não me perca, que eu não me fira,

que não me firam, que eu não fira ninguém.

Livra-me dos poços e dos becos de mim, Senhor.

Que meus olhos saibam continuar se alargando sempre.

Sinto uma dor enorme de não ser dois

e não poder assim um ter partido,

outro ter ficado com todas aquelas pessoas."
(Caio Fernando Abreu)

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