quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Leitora da alma...

Às vezes, acho que a Lya Luft  lê minha alma:
"A elaboração desse "nós" iniciado na infância ergue as paredes da maturidade e culmina no telhado da velhice, que é coroamento embora em geral seja visto como deterioração. Nesse trabalho nossa mão se junta às dos muitos que nos formam. Libertando-nos deles com o amadurecimento, vamos montando uma figura: quem queremos ser, quem pensamos que devemos ser - quem achamos que merecemos ser.
Nessa casa, a casa da alma e a casa do corpo, não seremos apenas fantoches que vagam mas guerreiros que pensam e decidem. Construir um ser humano, um nós, é trabalho que não dá férias nem concede descanso: haverá paredes frágeis , cálculos malfeitos , rachaduras. Quem sabe um pedaço que vai desabar. Mas se abrirão também janelas para a paisagem e varandas para o sol.
O que se produzir- casa habitável ou ruína estéril- será a soma do que pensaram e pensamos de nós, do quanto nos amaram e nos amamos, do que nos fizeram pensar que valemos e do que fizemos para confirmar ou mudar isso, esse selo, sinete, essa marca. Porém isso ainda  seria simples demais: nessa argamassa misturam-se boa vontade e equívocos, sedução e celebração, palavras amorosas e convites recusados. Participamos de uma singular dança de máscaras sobrepostas, atrás das quais somos o objeto de nossa própria inquietação. Nem inteiramente vítimas nem totalmente senhores, cada momento de cada dia um desafio.
Essa ambiguidade nos dilacera e nos alimenta. Nos faz humanos."
* Trecho extraído do livro da autora, "Perdas e Ganhos", meu atual livro de cabeceira. Recomendo .

8 comentários:

Gislãne Gonçalves disse...

jah li o livro
tbm recomendo
:)
bjos

Priscila Rôde disse...

Adoro tudo o que ela escreve. Confesso que ainda não tiha lido este texto. Mas caramba, ela disse tudo, maravilhosamente!

Carlos Manuel Ribeiro disse...

Belíssimo texto esse de “Pedras e Ganhos”, não conhecia. Portador de uma mão cheia de verdades, umas agradáveis outras nem por isso..

Quando a autora diz e, passo a citar: ”Participamos de uma singular dança de máscaras sobrepostas, atrás das quais somos o objecto de nossa própria inquietação. Nem inteiramente vítimas nem totalmente senhores, cada momento de cada dia um desafio.”

É, do meu ponto de vista, uma das maiores e tristes realidades da actual sociedade. Mais, eu diria que a maioria das pessoas dançam e vivem nessas máscaras, numa tentativa de fuga, frustração, medo, vergonha ou falta de coragem, sem lá... Simplesmente não conseguem assumir o seu verdadeiro “EU”, sem máscaras, sem rodeios nem mentiras. Infelizmente, e por mim falo, em que pessoas como eu, directas, sinceras mas no entanto de personalidade suficientemente forte para dizer NÃO a essas máscaras, têm na maior parte do tempo que remar contra corrente deste actual circo em que vivemos.

Como costumo dizer, quando quero ver máscaras vou ao circo! mas, no dia à dia, palhaçadas dessas ? Não! obrigado.

Bjs,
CR/de

www.carlosribeiro-photos.blogspot.com

Francisco disse...

Minha amiga!
Quando li "Perdas e Ganhos", me identifiquei muito com este trecho.
No meu momento atual, mais ainda.
Falando em identificação, muitas vezes me vejo em alguns dos teus posts. E isso, é bom!
Beijãozão, linda!

Namorada Girassol disse...

Flor...
Com certeza ela lê muitas almas,
Somos Dris... Girassóis... Marias...
Todas traduzidas nas sábias palavras dessa grande Autora.
Na minha ignorância cultural,e na sapiência de minha alma ...
Eu chamaria isto de magia...

BJK...

Gislene disse...

OI, DRIII
ACHO QUE ESTA NOSSA CASA, SERÁ UMA ETERNA CONSTRUÇÃO...TAL QUAL AS IGREJAS...QUE DEMORAM OU NUNCA FICAM PRONTAS.
BEIJOS
GISLENE.

Déia disse...

Lindo, lindo, lindo...Ela é fantástica, né?
Esse tb é um dos meus 50 livros de cabeceira kkkk

Muito boa escolha para ser compartilhada!
bjinhos

Ggel disse...

No fundo os medos, ansiedades, incertezas são quase sempre os mesmos, só mudam de endereço mesmo, por isso que às vezes o outro parece que descreve nossa alma, quando na verdade tá falando dele.Esse mundinho é um ovo e nosso inconsciente coletivo deve ser de codorna, pra ser bem pequeno mesmo...rs